Livro sobre o Caminho do Comércio será
lançado em 14/11/2021 em Bom Jardim de Minas
UM NOVO CAMINHO REAL - Em 14 de novembro de 1811 a “Real Junta do Commercio, Agricultura, Fabricas e Navegação do Estado do Brazil e seus Domínios Ultramarinos”, órgão integrante da administração joanina, determinou a abertura do “Caminho do Comércio”, com o objetivo de facilitar a ligação de Minas Gerais à cidade do Rio de Janeiro e possibilitar, de forma mais rápida e econômica, o abastecimento da Corte, cuja população havia aumentado consideravelmente com a chegada da Família Real no Brasil, em 1808.
O Caminho Novo, aberto no início do século XVIII por Garcia Rodrigues Paes, era muito longo e não conectava o Rio de Janeiro diretamente com a principal área de produção de alimentos de Minas Gerais (Sul de Minas e Campo das Vertentes), tornando-se obsoleto e inadequado no início do século XIX, o que também motivou a criação do Caminho do Comércio, que era muito mais curto e econômico, pois os impostos cobrados na divisa entre as Capitanias eram mais baratos.
ALIMENTOS,
FERRAMENTAS E ESCRAVOS - Fazendo uso da rota que foi
concluída em 1816, as tropas partiam
da Comarca do Rio das Mortes, cuja sede era em São João del-Rei mas abrangia
vasta extensão de Minas Gerais, conduzindo bois, porcos, toucinho, galinhas e queijos, e
retornavam do Rio de Janeiro trazendo produtos como sal, azeite, vinho, vinagre, bacalhau, lampiões, ferramentas e vidros. Os
registros históricos demonstram, ainda, que grandes quantidades de escravos eram
transportadas do litoral em direção às fazendas mineiras para o abastecimento de
mão de obra.
A cada três léguas de distância,
aproximadamente, existiam ranchos rústicos rodeados de estruturas singelas que
permitiam o pernoite dos viajantes, que sempre contavam com uma bica de água
limpa, estruturas de pedra para fogueiras e árvores tais como a araucária em
suas proximidades, cujos galhos secos funcionavam como lenha de fácil
combustão, essencial para minorar o frio nas serras e nos grotões da região da
Mantiqueira.
ROTA DE
COMERCIANTES E CIENTISTAS - A rota tinha início na localidade de Nossa
Senhora da Piedade do Iguaçu (atual distrito de Nova Iguaçu-RJ), cortava a Reserva
Biológica Federal do Tinguá subia as serras, passava pelo porto de Ubá
(atual Andrade Pinto, distrito de Vassouras), seguia em direção a Valença e depois passava pelos
antigos arraiais mineiros de Rio Preto (região de Varejas e Funil), Bom
Jardim (passando por Taboão), Turvo (atual Andrelândia), Madre de Deus, São
Miguel do Cajuru, Rio das Mortes Pequeno e, finalmente, chegava à Vila de São
João del-Rei, percorrendo cerca de 280 km.
Além de comerciantes, as pesquisas
indicam que também muitos cientistas estrangeiros percorreram o trajeto durante
o século XIX, com o francês Auguste de Saint-Hilaire (1819), os ingleses Robert
Walsh (1829) e Charles James Fox Bunbury (1835) e o alemão Enst Hasenclever (1839), que
deixaram registros importantes sobre o caminho.
Muitos vestígios e alguns trechos
originais do Caminho do Comércio ainda
existem e estão sendo mapeados por um grupo de pesquisadores que atua na região
do Alto Rio Grande, em Minas Gerais.
COMEMORAÇÃO CONTARÁ
COM LANÇAMENTO DE LIVRO - No próximo dia 14 de novembro, às 9:00h, no Casarão
Recanto do Saber e da Experiência Dr. Celso Nardy Chaves, em Bom Jardim de
Minas, será realizada pela Prefeitura Municipal da cidade a cerimônia de
comemoração dos 210 anos de criação do Caminho do Comércio. Na ocasião será
também lançado o livro “Estudos Históricos sobre o Caminho do Comércio – Edição
Comemorativa da Rota”, de autoria dos historiadores Marcos Paulo de Souza Miranda e Rodrigo
Magalhães, que pesquisam o trajeto há mais de dez anos.
Livro sobre o Caminho do Comércio terá "Passaporte do Viajante"
Segundo
os autores, o Caminho do Comércio é uma importante rota oficial surgida no período
colonial e ao seu longo existem grandes
atrativos culturais e paisagísticos, além de vários locais para a
prática do turismo ecológico e cultural. As ruínas centenárias de Iguaçu Velho,
a natureza exuberante da Serra do Tinguá e as fazendas coloniais da região de
Valença e Vassouras, no Estado do Rio de Janeiro; as belas cachoeiras e paisagens serranas da
região compreendida entre Rio Preto e Bom Jardim, incluindo a famosa gruta do
Funil; a arquitetura colonial, os sítios arqueológicos, os doces, o queijo e a
cachaça de qualidade produzidos na região de Andrelândia; as fazendas e igrejas
centenárias, as serras e as tradições folclóricas da região de Madre de Deus de
Minas; a bela capela de São Miguel do Cajuru, com pinturas artísticas do
renomado pintor José Joaquim da Natividade; as ruínas da antiga Capela do Rio
das Mortes, onde foi batizada a milagrosa Nhá Chica e a imponente arquitetura
tricentenária de São João del-Rei, idealizada pelos inconfidentes mineiros como
a capital da sonhada república da liberdade,
são pequenos exemplos do potencial turístico desse caminho, cujo itinerário
precisa ser melhor conhecido e
divulgado.
O livro contém ao final
o “Passaporte do Caminho do Comércio”, onde os viajantes que percorrerem a rota
poderão colecionar os carimbos dos municípios por onde passaram.
Pontos específicos estão sendo criados ao longo da rota para chancelar a passagem dos turistas.
Maiores informações sobre o evento de comemoração e lançamento:
Telefone
Secretaria
Municipal de Educação e Cultura de Bom Jardim de Minas